domingo, 16 de outubro de 2011

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Conclusões do encontro "Cidades Vivas Cidades Mortas"

Apresentamos as conclusões, aprovadas no encerramento do encontro "Cidades Vivas Cidades Mortas", da autoria do Dr. Sérgio Pereira Bento:

Encontro "Cidades Vivas Cidades Mortas"


CONCLUSÕES


Integrado nas Jornadas Europeias do Património, a Liga dos Amigos de Miróbriga e o Núcleo de Arquitectos do Litoral Alentejano promoveu, no Centro Interpretativo de Miróbriga, no dia 23 de Setembro, um primeiro encontro dedicado ao tema: “Cidades Vivas, Cidades Mortas”.


Entenderam os organizadores convidar para esta reflexão, agentes do planeamento urbano, como autarcas, arqueólogos, arquitectos, urbanistas, historiadores, técnicos municipais, para reflectir sobre a importância deste diálogo entre o Passado e o Presente nos meios urbanos, já que, como se diz na apresentação do Evento, “Na sociedade contemporânea são cada vez maiores os conflitos entre as necessidades e os requisitos da vida moderna e a presença e as memórias do Passado, a que genericamente se designa o Património Cultural Edificado”.


Os objectivos deste encontro, que se pretende o primeiro de muitos, são:


Elencar os principais problemas, atritos ou conflitos que as diferentes especialidades encontram na gestão diária da Polis moderna.


Clarificar a convergência de interesses entre autarcas, arqueólogos, arquitectos, engenheiros, promotores, que é na maior parte das vezes, complicada e é necessário identificar algumas dessas divergências e subsequentemente modos de as minimizar…


Coligir e divulgar exemplos, boas práticas e saudável convívio entre os diversos interesses.


Lançar as bases para a futura discussão para uma possível carta de boas práticas que congregue estas diferentes especialidades.


Pretende-se que estes encontros prossigam procurando demonstrar mais casos de sucesso, de equipas multidisciplinares com excelentes resultados (por exp. Museu Machado de Castro ou Santa a Clara a Velha; Alcácer do Sal, Lagos, Coimbra,) e alargar a outros especialistas, como por exemplo, arquitectos paisagistas, técnicos de turismo, etc.


Numa outra fase, será necessário reflectir na questão económica e de marketing, de como estas Cidades Velhas podem trazer notoriedade e valor acrescentado e financeiro às Cidades Novas.


Assim os participantes no primeiro encontro “Cidades Vivas, Cidades Mortas”, concluem, e declaram de toda a importância:


Enaltecer e incentivar a realização de iniciativas de divulgação e animação de Sítios Arqueológicos com encontros temáticos e através de um conjunto de acções de animação; e fomentar outras de carácter formativo, no sentido de manter as “Cidades Mortas” como Sítios Arqueológicos Vivos.


Reconhecer que é possível manter o rigor histórico e a autenticidade e simultaneamente transmitir conhecimento de um modo didáctico-pedagógico, reabilitando o património, valorizando-o, acrescentando um estímulo decisivo recriando simultaneamente o ambiente e as acções que foram caracterizando o sítio nas suas várias épocas, dando uma nova vida e imagem ao património, designadamente com recurso a recriações históricas, ao texto, ao desenho, ao foto-realismo, à recriação virtual e à sua divulgação por meios os mais diversos, incluindo os electrónicos em rede.


Definir e divulgar às populações e com as populações, a especificidade do património edificado e o interesse em estudar a “ruína”, como fragmento de arquitectura do passado, em contextos historicamente enquadrados.


Tomar exemplos de referência e prova de que, de hoje em diante, só devem fazer-se intervenções urbanas em articulação, numa indispensável metodologia de trabalho em equipa multi-disciplinar, no entendimento de que as áreas urbanas actuais se sobrepõem a horizontes de ocupação mais antigos, nalguns casos – a maioria – pré e proto-históricos, romanos, medievais e modernos.


Clarificar e caracterizar o papel dos vários saberes no processo de interpretação e intervenção dos locais, na perspectiva da metadisciplinaridade .


Considerar que os sítios arqueológicos, designadamente as cidades romanas, islâmicas e de outras épocas, são ainda hoje uma lição, e tentar com elas aprender como se pode usar, reciclar e proteger bens naturais como a água, jardins e bosques, de forma sustentável e equilibrada.


Partir da premissa de que uma cidade viva encerra um «arquivo de terra», contendo informação relevante para o conhecimento da sua História e que caracteriza a sua especificidade cultural, e a partir desta premissa, incentivar a organização de Programas Globais, que correspondam a um conjunto de acções programadas a médio e longo prazo para salvaguardar e rentabilizar o património passível de valorização, partilhando o seu conhecimento com a população residente e eventualmente com comunidades sazonais, no pólo oposto da tradicional intervenção avulsa, resultante de uma evidente falta de planeamento.


Valorizar o que é único e irrepetível no património edificado antigo.

Desmontar estes mal-entendidos com programas que provem, no terreno, que as intervenções de reabilitação exigem tempo, dinheiro e engenho, mas dão um admirável contributo para a saúde social e económica dos locais onde ocorrem.

Contribuir para a definição de um modelo de desenvolvimento equilibrado em função do bem-estar dos cidadãos.

Fomentar a participação activa das populações – enquanto cidadãos de pleno direito – na gestão do presente e na planificação do futuro, no âmbito de espaços inclusivos quer de permanência como de encontro – a polis do séc. XXI.

Santiago do Cacém e Sítio Arqueológico de Miróbriga, 23 de Setembro de 2011